Em seis meses as rotinas foram viradas do avesso. Planos cancelados, famílias afastadas, literalmente o mundo todo foi surpreendido com mudanças radicais no dia a dia e aprisionado para se proteger de um inimigo invisível e ainda não totalmente conhecido.
Pesquisas afirmam que a população sofrerá um cansaço crônico após a pandemia. O constante alerta, o aumento do medo da morte, de doenças e de fazer mal ao próximo, são sentimentos corrosivos e causam um “peso” extra ao cérebro.
Além disso, a vida social foi colocada na gaveta das atividades não essenciais, protegendo e evitando a proliferação do vírus, por um lado, mas por outro, tornando os dias ainda mais cansativos e os momentos de lazer ficando bastante limitados, ou até mesmo excluídos da programação e da rotina.
Enquanto tínhamos o mundo nas mãos, graças à tecnologia, aos diversos cursos e conteúdos disponibilizados de forma online, fomos perdendo a capacidade de nos relacionar. Nos foi tirado o abraço, o cumprimenro de mão, nossos sorrisos foram cobertos pelas máscaras e nosso cérebro teve que ir assimilando tudo isso, como uma forma de autocuidado. Mesmo tendo sucesso nessa busca, uma parte do nosso emocional foi seriamente abalado.
Seguimos as regras e evitamos que o coronavírus se espalhasse, e dentro de nós coisas simples como um café com amigos, um almoço de domingo com a família, o compartilhar de abraços, sorrisos e demais demonstrações de afeto, começaram a abrir um buraco em nossa saúde mental.
Muitos foram além da capacidade criativa e conseguiram encontrar formas saudáveis de suprir parte dessas necessidades e complementar o lado cognitivo da vida que é fundamental. Outros, ficaram ilhados entre as regras, a culpa e também a falta de oportunidade física e psíquica de alimentar este “setor” da vida.
Por essas e tantas outras razões, o distanciamento social causou e ainda causa muito sofrimento. Reorganizar o corpo e a mente, retirando da rotina atividades que gostamos é muito desafiador. Além do mais, tivemos que conciliar todas essas oscilações com a administração de família, vida profissional, situação financeira abalada e incertezas.
Por fim, outro fator que culmina um período de grande sofrimento durante o distanciamento social é a insegurança. Se todo o esforço deste período culminasse na certeza de que estaremos livre desse vírus e que a pandemia viesse realmente terminar em breve, o fôlego seria outro.
Ao invés disso, fizemos tudo que está ao nosso alcance e seguimos com medo e inseguros com relação ao futuro.
Uma forma de garantir mais leveza aos nossos dias é fazer escolhas que nos devolvam o tempo de qualidade e a segurança de que, em algum momento, estamos realmente livres. Poder garantir a segurança da nossa família não tem preço.